Firmina - Relatório mostra como liberdade de expressão artística vive período de recessão no mundo
Oi, pessoal, tudo bem? Na Firmina da semana, a gente destaca o relatório anual da Freemuse sobre liberdade artística. Pra além das guerras, o avanço da extrema direita nos Estados Unidos e em países da Europa também são destaque do relatório.
E tem também uma matéria do Nonada sobre o brincar e a infância em meio à crise climática.
Um abraço,
Thaís Seganfredo (editora)
Alexandre Briozo Filho e Pedro Tubiana (redatores)
Liberdade artística
A guerra entre Rússia e Ucrânia e a devastação de Gaza pelo exército israelense depois do ataque do Hamas causaram a morte de vários artistas, como a artista digital palestina Mahasen al-Khateeb, e também a caligrafista palestina Walaa Jumaa al-Afranji, ambas assassinadas em bombardeios. A cultura desses países, sob essas circunstâncias, foi aniquilada, em especial a cultura em Gaza. Num relatório sobre liberdade artística no mundo, a Freemuse destaca que diversos países ocidentais, com a Alemanha e os Estados Unidos, também sofrem com o cancelamento de exposições e com o corte de apoio financeiro para artistas em virtude da crítica ao antissemitismo propagado por Israel. A perseguição a artistas russos que criticam a guerra na Ucrânia também se mantém, por meio de prisões, penalizações graves e cancelamento de performances. Na Indonésia, fora do território europeu, instituições de arte que recebem financiamento estrangeiro são submetidas a procedimentos de triagem rigorosos.
Poucas coisas gritam tanto a definição de infância quanto o êxtase pela descoberta do mundo através de brincadeiras na rua. Mas essa descoberta tem estado cada vez mais comprometida pelas mudanças climáticas, que afetam desproporcionalmente cerca de 40 milhões (60% do total) de meninos e meninas em todo o mundo. Além disso, a crescente redução de espaços verdes em áreas urbanas, além de contribuir com os desbalanços climáticos, anula a existência de uma possível área de recreação infantil. Em reportagem publicada nesta semana, o Nonada conversou com coletivos culturais de Belém (PA) e Porto Alegre (RS) que incentivam a interação da criança com o espaço urbano através do brincar.
Liberdade educacional
Na cidade de Sapucaia do Sul (RS), um adolescente de 15 anos suspeito de planejar um ataque contra uma escola foi preso portando desenhos da planta baixa de todos os andares da instituição. O adolescente começou a levantar suspeitas das autoridades depois de proferir discursos extremistas e de exibir símbolos nazistas. De acordo com a apuração d’O Globo, essa conduta do criminoso despertava medo e insegurança em colegas e professores. Enquanto realizavam buscas na casa do adolescente, a polícia também encontrou, além dos desenhos, chips de celulares, aparelhos eletrônicos e um notebook, que foi destruído pelo irmão mais velho do adolescente durante a diligência. A investigação que se segue busca identificar se há envolvimento do irmão mais velho e de outras pessoas no planejamento do ataque.
Uma estudante de 14 anos morreu após ser atingida por uma tesoura empunhada por um colega da mesma idade. O golpe atingiu a região do tórax e a adolescente não resistiu. O caso aconteceu na escola Livre Aprender, no Bairro Universitário, em Uberaba (MG). O ministro da Educação declarou que psicólogos serão enviados para a cidade.(UOL)
Em Ilhabela, cidade do litoral de São Paulo, um professor de uma escola municipal se demitiu após críticas públicas de um vereador e pressão institucional a respeito de uma aula em que o profissional utilizou das mitologias grega e africana para falar sobre a ideia de tempo em diferentes culturas. Dentre as referências afro-brasileiras, estava o mito do orixá Irôko, utilizado pelo professor para apresentar o tempo com um símbolo cultural. O professor também utilizou do mito grego do titã Cronos, três obras de arte europeias que retratam o tempo como uma figura idosa e até mesmo a canção “Oração ao tempo”, de Caetano Veloso, para ilustrar as diferentes formas de interagir e interpretar esse fenômeno. O UOL apurou que entidades acadêmicas e sindicais acusam a Prefeitura de omissão e censura pedagógica, que nada vez em relação à perseguição direcionada ao professor.
Liberdade religiosa
A Periferia em Movimento mostra que para além de espaços de prática da fé, casas de candomblé lideradas por mulheres se estabelecem na periferia paulistana como lugar de encontro com a cultura, acolhimento e assistência social. Vivian Basilio, ouvida para a matéria, divide sua casa com o espaço do terreiro desde que se entende por gente. Ela conta: “Se houvesse um reconhecimento real da função que essas casas cumprem dentro da comunidade, talvez fossem vistas como um serviço público de acolhimento. O amparo e acolhimento existem como meta para as ialorixás ouvidas, que pretendem, a partir de suas casas de candomblé, criar ONGs que possam oferecer assistência para as comunidades onde estão inseridas.
Com um novo papa escolhido para liderar a Igreja Católica, antigos debates podem voltar a encontrar desafios, como o de maior inclusão e representatividade feminina na Igreja. O papa Leão XIV já declarou que a clericalização feminina não resolveria os problemas da Igreja, ainda que essa maior participação das mulheres seja uma reivindicação antiga. Ouvida pela Pública, Maria Clara Bingemer - uma das principais vozes da teologia no Brasil - afirma que são as mulheres que carregam a instituição nas costas, ainda que tenham esse trabalho invisibilizado.