Oi, pessoal, tudo bem? Na Firmina de hoje, a gente traz como destaque o último pronunciamento do papa Francisco, que foi um defensor da liberdade religiosa pelo mundo e visitou países de maioria muçulmana como a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos.
Neste Dia do Trabalhador, na área da liberdade artística, contamos a história de Joel Galdino, mestre ceramista que carrega o legado de seu pai, o mestre Galdino. Joel vive em situação de vulnerabilidade social, ainda que suas peças sejam encontradas por R$300 em galerias de arte de Recife.
Abraços,
Thaís Seganfredo (editora)
Alexandre Briozo Filho e Pedro Tubiana (redatores)
Liberdade religiosa
Em seu último pronunciamento, o Papa Francisco celebrou a Páscoa no dia anterior na Praça de São Pedro, no Vaticano, e afirmou que “não pode haver paz sem liberdade religiosa, liberdade de pensamento, liberdade de expressão e respeito pela opinião dos outros”. O pontífice relembrou os conflitos que ocorrem pelo mundo, como o genocídio em Gaza. “O crescente clima de antissemitismo em todo o mundo é preocupante. Mas, ao mesmo tempo, penso no povo de Gaza, e na sua comunidade cristã em particular, onde o terrível conflito continua a causar morte e destruição e a criar uma situação humanitária dramática e deplorável”, disse, fazendo um apelo às autoridades por um cessar-fogo em seguida. O papa também pediu orações pelas comunidades cristãs do Líbano, da Síria, do Iêmen e da Ucrânia. "Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser a marca registrada de nossas ações cotidianas. Diante da crueldade dos conflitos que envolvem civis indefesos e atacam escolas, hospitais e agentes humanitários, não podemos nos dar ao luxo de esquecer que não são alvos que são atingidos, mas pessoas, cada uma delas dotada de alma e dignidade humana", declarou. (BBC)
O Babalawô Ivanir dos Santos, o primeiro representante de candomblé a ser recebido por um papa, lamentou a morte do papa e relatou à Veja memórias do encontro que ocorreu em 2013 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a convite da Arquidiocese, quando o pontífice veio ao Brasil. “O papa Francisco fez de seu pontificado um caminho voltado para acolher as pessoas marginalizadas, vulneráveis que ainda vivem à margem dos sistemas políticos, sociais, culturais e espirituais. No encontro, o Babalawô entregou ao papa o livro de fotografias Caminhando a gente se entende, obra que reúne imagens das Caminhadas em Defesa da Liberdade Religiosa, realizadas anualmente na orla de Copacabana, desde 2008. Quantos de nós, que não professamos a fé católica, enxergavam no papa Francisco um sinal de esperança e tolerância? Indagou.
Vítima de racismo religioso, uma jovem internada no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, teve seus fios de conta descartados pela equipe médica. Tainá Louriçal, a vítima, relatou ao Alma Preta que o ocorrido se deu no momento em que ela tinha ido tomar banho. Em uma publicação no Instagram, a vítima contou que, ao questionar sobre o paradeiro do artefato, a enfermeira declarou que “só Jesus salva, só Jesus liberta”. Representantes políticos e lideranças religiosas acompanharam a denúncia de Tainá e cobraram a tomada de providências por parte das autoridades.
Liberdade educacional
O Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou três leis municipais que proibiam a linguagem neutra na rede de ensino e na Administração pública de Porto Alegre (RS), São Gonçalo (RJ) e Muriaé (MG). As leis foram consideradas inconstitucionais, segundo apurou o portal G1. Como em outros casos semelhantes que já relatamos aqui na Firmina, o ministro André Mendonça, relator do caso, considerou que as leis tiravam da União a competência para lidar com o tema, que demanda regulamentação uniforme em todo o país. As ações que levaram o caso ao STF fazem parte de um conjunto de 18 processos sobre o mesmo tema apresentados pela Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas.
Um estudo feito pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional e pelo Todos Pela Educação concluiu que a desigualdade racial no aprendizado escolar de alunos do ensino básico se intensificou entre 2013 e 2023. A análise, realizada com base nos microdados do Sistema de Avaliação da Educação Básica do Ministério da Educação, constata que em todas as etapas da educação básica o desempenho de alunos pretos, pardos e indígenas é inferior ao dos brancos. A escassez de estratégias para mitigar essa desigualdade faz essa diferença de desempenho aumentar ao longo de todo ensino fundamental, chegando no maior patamar no 9º ano. Essas desigualdades também aparecem a depender do nível socioeconômico. A Folha de São Paulo informa que, segundo a pesquisa, “61% dos alunos mais ricos atingem aprendizagem adequada em língua portuguesa, frente a 45% dos mais pobres. Em matemática, os percentuais são de 52% e 32%, respectivamente.”
Em reportagem, o Porvir visita escolas no Amazonas, Paraná e Mato Grosso que ampliaram o tempo integral e fortalecem o vínculo entre a sala de aula e o território. De tamanhos diferentes, essas escolas compartilham de boas práticas ao unir inovação e respeito à ancestralidade. Na cidade de Manoel Ribas, por exemplo, no Paraná, o Colégio Estadual Indígena Cacique Gregório Kaekchot tem uma gestão compartilhada com a comunidade local e suas lideranças. Nele, a Base Nacional Comum Curricular é seguida e a gestão da autonomia para a adaptação dos conteúdos à realidade Kaingang. Dentre os cursos, linguagem de programação e habilidades básicas de informática fazem sucesso entre os alunos, que têm afinidade com a tecnologia.
Liberdade artística
"Já fiz 10 Mané Pãozeiros e tive que vender a R$10 cada, por necessidade. Depois soube que foram revendidos por R$300 numa galeria em Recife." Contamos no Nonada a história de Joel Galdino, mestre ceramista cujo sobrenome de prestígio não garante sustento.
Em entrevista para o programa “Conversa com Bial”, Ney Matogrosso relembra a repressão vivida durante a ditadura militar nos anos 1970. Hoje com 83 anos, o cantor que é símbolo de liberdade artística rememora ocasiões como um convite para um jantar que pedia a ele e aos Secos e Molhados que não cantassem nem dançassem pois pareciam um “grupo de homossexuais”. (Terra)
A Folha de São Paulo apresenta uma série de medidas utilizadas por Donald Trump na tentativa de transformar a cultura em arma política nos Estados Unidos. Em cem dias de governo, o presidente cortou verbas para museus e bibliotecas e tem na mira Hollywood, indústria cinematográfica localizada no estado da Califórnia, que é um reduto de celebridades que apoiaram a adversária de Trump nas últimas eleições presidenciais, Kamala Harris. A partir de um grupo de atores, como Mel Gibson, Sylvester Stallone e Jon Voight, o presidente tem tentado se infiltrar em Hollywood, compondo o que alguns especialistas têm chamado de “tentativa de controlar o que a população acessa nos cinemas, em museus e bibliotecas”. Essas ofensivas ao setor cultural americano se somam ao pacote de tarifas de Trump que já balançou o mercado da arte e as ordens executivas; uma delas, assinada pelo republicano, acusa museus de reescrever a história americana ao exibirem mostras com temáticas queer ou com olhar crítico para temas como raça e gênero.
Extra
Por que o livro é tão caro no Brasil? Conversamos com especialistas do setor para entender se há perspectivas de melhora no preço. (Nonada)