Firmina - Os ataques à Vai-Vai por satirizar a Polícia Militar
Firmina - Os ataques à Vai-Vai por criticar (com humor) a Polícia Militar
Oi, pessoal, tudo bem? Não tem Carnaval que alguma escola de samba não seja criticada por setores da direita. De ataques de cunho racista religioso a reações a críticas políticas, o enredo é sempre o mesmo. E em 2024 não foi diferente: a Vai-Vai, escola de São Paulo, sofreu ataques até mesmo do governo por se expressar de forma crítica no sambódromo. É só mais um lembrete de que a liberdade artística continua ameaçada no Brasil, sobretudo quando falamos de arte popular ou de artistas de grupos minorizados.
Um abraço,
Thaís Seganfredo (editora)
Isabelle Rieger (redatora)
Liberdade artística
Em São Paulo, a escola de samba Vai-Vai sofreu críticas de setores da extrema-direita porque, em uma das alas da escola, havia pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque da polícia paulista como demônios. A Vai-Vai defendeu seu enredo, em nota divulgada nas redes sociais, afirmando que “o trabalho foi uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop". Ainda, dois deputados bolsonaristas solicitaram à prefeitura de São Paulo que a escola fosse punida com bloqueio de verbas por conta do enredo. (Uol)
Liberdade religiosa
Na região Norte, o projeto “Os significados da prática de cuidado e cura para construção de uma etnociência e bem-viver sob a lógica umbandista na metrópole paulistana", da professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) Ana Lídia, contribuiu diretamente para a criação do Núcleo de Educação e Diversidade na Amazônia (NEDAM). A docente também foi selecionada para um pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), onde continuará sua pesquisa sobre as práticas de cuidado e cura das religiões de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas. A pesquisa explora o conceito de "Ciência do Sagrado", entendendo essas práticas como uma ciência própria com uma epistemologia distinta, baseada no sobrenatural. Suas pesquisas anteriores em Juruti, Pará, revelaram histórias de cura e alívio de cargas emocionais e físicas através dessas práticas. (Alma Preta Jornalismo)
Durante o Carnaval, viralizou a versão alterada da música “Caranguejo”, da cantora Claudia Leitte, na qual a cantora apaga a versão afro-religiosa da letra. Na gravação original de 2004, a letra de Caranguejo continha os versos “Maré tá cheia / Espera esvaziar /Joga flores no mar / Saudando a rainha Iemanjá”. Na regravação de 2014, Claudia alterou o último verso e, em vez de cantar “Saudando a rainha Iemanjá”, alterou o verso para “Só louvo meu rei Yeshua”, para forçar um link da música com a religião da artista. A artista já declarou ser neopentecostal. (Coluna do Mauro Ferreira no G1)
O enredo da escola de samba Viradouro neste ano resgatou as ancestralidades africana, negra, feminina e religiosa que construíram parte importante da cultura e da sociedade brasileira. O título do enredo é Arroboboi, Dangbé e conta a história das guerreiras Mino, do reino Daomé, atual Benin. Lá, iniciou-se o culto da serpente vodun. “Pouco se sabe sobre as redes de solidariedade e diversidade dos candomblés e suas nações. A serpente é trazida como elemento sagrado de uma nação quase desconhecida no Sudeste”, explica a jornalista, sambista e cientista da religião, explica Claudia Alexandre à Agência Brasil.
Liberdade educacional
Especialista propõe estratégias para combater o racismo nos ambientes educacionais. Segundo a coordenadora do grupo ErêYá ao G1, “o racismo institucional aparece cotidianamente quando instituições ignoram denúncias de pessoas pretas e pardas”.
Na vizinhança adjacente à Escola Estadual Senador Teotônio Vilela, na Brasilândia, uma região periférica da zona norte de São Paulo, houve uma mudança de paisagem para melhor: o lixo acumulado desapareceu, o canteiro agora está adornado com mudas. Também, o grafite do mural reflete o nome de quem está por trás da iniciativa - Clima da Quebrada. Essa revitalização é a manifestação pública de uma ideia incubada ao longo de dois meses dentro da escola, realizada por alunos e professores que participaram da primeira turma do projeto Clima de Quebrada, iniciativa do Instituto Perifa Sustentável. (Fundo Casa Ambiental)
A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Gláucia Vaz afirma que não teve o apoio institucional devido quando foi vítima de racismo por parte de um aluno. “Vejo como absurdo o fato de uma professora universitária de uma instituição de renome, viver e trabalhar sob tensão para que o praticante de um crime siga circulando tranquilamente. É muito difícil ser uma professora negra na UFRGS”, desabafou a docente para o Matinal Jornalismo.
Extra
Após destruição da Gruta de Kamukuaká, patrimônio cultural dos Wauja segue ameaçado no Xingu. (Nonada)
Quantos escritores da região norte você já leu? A repórter Nicoly Ambrosio, correspondente de Manaus (AM), ouviu autoras e autores que falaram sobre a cena literária da região e sobre a dificuldade de entrada no mercado literário nacional. (Nonada)