Firmina - Intolerância religiosa representa ⅓ dos processos por racismo na Justiça
Oi, pessoal, tudo bem? A gente abre a Firmina da semana lamentando a morte da militante do movimento estudantil Sarah Domingues. Ela foi assassinada a tiros na terça-feira em Porto Alegre, enquanto tirava fotos para seu Trabalho de Conclusão de curso. Um homem que estava no local no mesmo momento também foi morto. Segundo a polícia, Sarah não era alvo de atiradores.
Também destacamos diversos conteúdos sobre o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Em São Paulo, um hospital confessou que a religião interfere diretamente nos serviços.
Um abraço,
Thaís Seganfredo (editora)
Isabelle Rieger (redatora)
Liberdade religiosa
O Hospital São Camilo, em São Paulo, tem como política negar procedimentos com métodos contraceptivos por diretriz institucional guiada por preceitos católicos. Na rede social X, antigo Twitter, uma usuária narrou que, em uma consulta, sua médica informou que não conseguiria inserir o Dispositivo Intra Uterino (DIU), porque o procedimento vai contra as diretrizes da instituição. A assessoria do hospital respondeu na postagem confirmando as orientações de cunho religioso..
A intolerância religiosa representa um terço da totalidade de processos por racismo nos tribunais brasileiros. São 176 mil processos em tramitação por crime racial. Já no Supremo Tribunal Federal (STF), a intolerância religiosa é 43% dos casos da corte. (Agência Brasil)
Na Bahia, crimes de intolerância religiosa passam por ausência de dados e de subnotificação. Em resposta ao Brasil de Fato, a Polícia Civil baiana explica que “não há dados específicos sobre intolerância religiosa no estado, uma vez que o recorte estatístico utilizado é o da tipificação penal específica. Como a legislação inclui, em algumas de suas tipificações, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, não há os dados isolados de discriminação religiosa”.
Ainda na Bahia, na região metropolitana de Salvador, o terreiro do Pai Marcelo, já foi invadido 10 vezes nos últimos oito anos. O babalorixá denuncia racismo religioso. Ele já equipou a casa de religião com câmeras de segurança para tentar inibir os criminosos. O estado baiano não tem delegacias especializadas em crimes raciais ou de intolerância religiosa. (G1)
No Distrito Federal, ocorreu o 8º Encontro Inter-Religioso e Saúde Mental – Racismo Mata e Compromete a Saúde. Participaram lideranças do candomblé, da umbanda, do catolicismo, de igrejas evangélicas e de budistas. “São nas escolas que temos que fazer ações sobre educação. Falar sobre intolerância religiosa não é só falar sobre religiões de matriz africana. Todas as religiões passam por intolerância religiosa”, define a coordenadora-geral de Promoção da Liberdade Religiosa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Iyá Gilda de Oxum. (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania)
Como abordar a diversidade religiosa nas escolas? A reportagem da Agência Brasil aponta caminhos por meio de um especialista em educação, o professor da Universidade Estadual de Santa Cruz Alex França. Ele delimita cinco eixos para orientar os docentes na hora de abordar os conteúdos, voltados para o contexto brasileiro: questão social, histórica, cultural, da cidadania e da ética.
Liberdade educacional
Em Porto Alegre, a militante do movimento estudantil Sarah Domingues foi assassinada a tiros na terça-feira (23) enquanto tirava fotos para seu Trabalho de Conclusão de Curso, no bairro Ilha das Flores. As fotografias faziam parte da pesquisa, que deveria ser entregue em fevereiro. Sarah era aluna de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e fez parte de gestões no Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da União Nacional dos Estudantes (UNE). Na quarta-feira (24), um ato em memória da estudante e por melhores condições de segurança no estado foi realizado na faculdade. (G1)
O governo federal planeja lançar até março a Estratégia Nacional de Enfrentamento à Violência nas Escolas, construída conjuntamente pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e pelo Ministério da Educação. A ação vai consolidar as ações para evitar casos de violência como os registrados em março e abril do ano passado. (Folha de São Paulo)
Com exceção do ano de 2020, quando começou a pandemia de covid-19, o Brasil não presencia um ano inteiro sem ataques à escolas desde 2017. Somente ano passado, foram onze ataques em instituições de ensino. O professor da Faculdade de Educação da USP Daniel Cara explica as motivações pela onda de violência, “é uma ideologia e um modo de vida pautado na exclusão do outro, na aniquilação do outro; é tudo aquilo que fica fora do supremacismo branco”. O discurso de ódio é propagado por meio de plataformas digitais que facilitam sua disseminação. Uma das soluções possíveis para conter essa violência, segundo o pesquisador, é regular as redes sociais. (Jornal da USP)
Saravá! Prepare o corpo, porque na roda vamos entrar. Na obra de Luiz Rufino, não há educação sem gingar. O aprendizado é na Encruzilhada, precisa atravessar. Dúvida é importante. Deixe o corpo vacilar. Coloque o ouvido no chão. Deixe a terra falar. Nossa repórter Anna Ortega conversou com o professor Luiz Rufino, autor de livros como "Pedagogia das Encruzilhadas". Para o professor, “a principal tarefa da educação é descolonizar”. (Nonada)
Liberdade artística
Coletivo Artistas pelo Clima alia arte à consciência ambiental em Manaus (Nonada)