Firmina - Tupinambás pedem retorno do Manto Sagrado à aldeia em cerimônia oficial
Oi, pessoal, tudo bom? Nosso destaque desta semana é uma matéria que traz na íntegra um manifesto dos Tupinambás pedindo o retorno do Manto Tupinambá à aldeia localizada no sul da Bahia. Como mostra a matéria, os indígenas Tupinambás consideram o manto um ente sagrado e também um “ancião”.
Tem também uma checagem do redator desta edição, Alexandre Briozo Filho. Ele mostra que é falso que prefeitos podem escolher os livros que entram ou não nas escolas públicas, como sugeriu o candidato Pablo Marçal na semana passada. A checagem integra nossa agência Checazap Firmina, focada em cultura e educação.
Um abraço,
Thaís Seganfredo
editora
Liberdade religiosa
O manto Tupinambá, considerado sagrado pelos indígenas, retornou ao Brasil após pelo menos três séculos. Na cerimônia oficial de retorno, que ocorreu na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Lula na quinta (12), indígenas Tupinambás leram um manifesto com críticas às tratativas e logísticas envolvendo a volta do manto ao Brasil. No manifesto, os indígenas pedem que o manto, ao qual chamam de “nosso ancião de quase 400 anos”, volte para a aldeia Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. A reportagem do Nonada traz o Manifesto da vigília ao Manto Sagrado Tupinambá na íntegra.
A primeira agenda pública da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, foi um ato contra o racismo religioso. Na 17ª edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, realizada no Rio de Janeiro, a ministra afirmou que "o direito à liberdade religiosa é fundamental para a luta contra as desigualdades no país". Macaé Evaristo é professora de escola pública e trabalhou durante 20 anos com comunidades vulneráveis em Belo Horizonte. (Alma Preta).
Liberdade artística
“Quem tem a liberdade de ser qualquer coisa no palco?”, questionou a atriz e diretora Renata Carvalho no primeiro dia do Seminário Internacional de Políticas para as Artes: Imaginando Margens, realizado pela Funarte nesta semana. A pergunta da diretora teatral aconteceu durante um debate no primeiro dia do evento (17), em que o tema central era a Liberdade Artística e a Inventividade. (Nonada)
A integração cultural de imigrantes não depende apenas de inserção no mercado de trabalho: o domínio do idioma e a contribuição com o cenário cultural a partir da expressão de sua própria cultura são determinantes no processo de ambientação de imigrantes. Em reportagem publicada nesta semana, o Nonada traz relatos de migrantes que participaram do Musicante, evento que promove a expressão cultural de migrantes a partir da música.
Liberdade educacional
Pesquisa mostra que 21% dos docentes autodeclarados brancos não sabem lidar com situações de discriminação racial. Divulgada pela reportagem da Folha, a pesquisa realizada pelo Equidade.Info, uma iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, mostra que 54% dos professores da educação básica reconhecem casos de discriminação racial entre estudantes. Professores negros tendem a reconhecer mais casos em comparação a professores brancos.
Na última terça-feira (17), professores e pais de alunos realizaram uma manifestação reivindicando melhores condições de trabalho para a classe docente, em São Paulo. O protesto é uma resposta à agressão sofrida pela professora Amanda dos Santos Monteiro. No dia 10 de setembro, a professora esperava por uma carona no lado de fora da escola quando foi surpreendida pela mãe de uma aluna. A agressora desferiu socos, chutes e puxões de cabelo, sofrendo escoriações pelo corpo e uma fratura no nariz. Segundo relata a professora, a mãe da aluna acreditava que a filha sofria perseguição de sua parte por conta de um relatório realizado por ela a respeito das faltas da estudante, que estariam prejudicando o seu desempenho escolar. (G1).
Uma reportagem do Alma Preta aborda um caso de racismo sofrido por uma aluna de 4 anos no colégio Objetivo Guarujá, em Santos (SP). O pai da criança, o procurador e advogado Michael de Jesus, relata que a escola relativizou um caso de racismo. A criança já havia se queixado a respeito do isolamento que sofria na escola, mas, de início, Michael interpretou o relato da filha como um problema de adaptação à nova turma. Outro dia, a criança voltou da aula de balé e disse que as colegas haviam dito que seu cabelo era "difícil de pentear". Em outro momento, colegas de sala afirmaram que a pele da menina tinha "cor e cheiro de cocô". Para Michael, cabe aos educadores, com o apoio dos pais, verificar e trabalhar essas falas para que, no futuro, não se torne um problema maior.
Checazap Firmina
É falso que os prefeitos podem escolher quais livros entram ou não nos currículos escolares das escolas públicas. Nos últimos anos, a literatura tem sofrido diversos ataques por parte de figuras políticas com base no argumento de que certas obras estariam influenciando o gênero e a sexualidade de crianças e adolescentes nas escolas. O caso mais recente envolve o candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal. Na última quarta-feira (11), em visita à Bienal do livro de São Paulo, o candidato disse que há livros “ensinando pornografia” e “deturpando ideologia” nas escolas, mas não soube dar exemplos de obras com esse tipo de conteúdo. O intuito do candidato, segundo ele, é criar uma equipe para banir livros da rede municipal de ensino, defendendo que as crianças sejam ensinadas a “não se curvar a comunistas”. Entretanto, os prefeitos não possuem autonomia para estruturar o currículo estudantil das escolas.
Mas como esse processo é realizado? O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é um dos mais antigos voltados para a distribuição de obras pedagógicas, literárias e didáticas nas redes públicas de ensino no Brasil. Os livros são validados pelo Ministério da Educação (MEC) a partir de uma avaliação realizada pelos professores e pela equipe pedagógica das escolas. Por meio de uma consulta às resenhas dos livros listados no Guia do PNLD, professores e dirigentes escolhem as obras a serem utilizadas ao longo dos três anos seguintes. As obras selecionadas devem ser adequadas ao projeto político-pedagógico da escola, ao aluno e ao professor, e também à realidade sociocultural das instituições.
Dito isso, a proposta do candidato Pablo Marçal não poderia ser executada. A seleção de um livro em escolas envolve todo um processo burocrático que depende de professores e de uma equipe pedagógica vistoriados pelo MEC. Além disso, o tipo de declaração feita pelo candidato raramente (senão nunca) parte de uma preocupação genuína com a criança e com o adolescente, mas possui o intuito de afirmar uma posição político-partidária ao defender um princípio conservador, em oposição às discussões e movimentos sociais de raça, gênero e sexualidade.
Esta checagem é uma iniciativa do Checazap Firmina, agência de checagem de cultura e educação do Nonada Jornalismo. (Apuração e redação: Alexandre Briozo Filho)