Firmina - ONU emite alerta sobre liberdade de expressão nas escolas brasileiras
Oi, pessoal, tudo bem? Na Firmina desta semana, seguimos de olho na censura aos livros, que está se intensificando nos últimos meses. No segundo semestre, vamos participar de um projeto no qual o Nonada vai cobrir ainda mais de perto esta questão. Em breve contamos mais!
Um abraço,
Thaís Seganfredo
editora
Liberdade educacional
A Relatora Especial da ONU pelo Direito à Educação, Farida Shaheed, incluiu em seu novo relatório um alerta sobre a liberdade educacional nas escolas brasileiras. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação informa que as contribuições das entidades brasileiras, que enviaram documentos à relatora, “manifestam preocupação com o ‘crescimento da militarização dos sistemas educacionais, quando a administração das escolas regulares foi parcial ou totalmente transferida para as forças armadas, com a consequente adoção da disciplina militar e a restrição dos direitos humanos na educação. Isso compromete a liberdade acadêmica e a autonomia institucional’”.
Uma escola em Batatais (SP) foi condenada pelo Tribunal Regional do Trabalho a indenizar uma professora que sofreu discriminação racial e de gênero. O caso ocorreu durante uma reunião, na qual o diretor da organização afirmou que o que sobraria para a professora, sendo mulher e negra “era ser babá”. (Migalhas)
36% dos estudantes já foram vítimas de racismo em escolas, faculdades ou universidade, segundo a pesquisa Percepções sobre o Racismo no Brasil. A Revista Afirmativa traz mais dados do estudo.
Liberdade artística
O livro “O Menino Marrom”, de Ziraldo, foi retirado das escolas de Conselheiro Lafaiete (MG) na semana passada por ordem da Secretaria de Educação. Segundo a prefeitura, a censura ocorreu após pedido de pais de alunos, que consideraram alguns trechos da obra inadequados. Em um dos trechos, os meninos do livro cogitam fazer um “pacto de sangue” a faca, mas acabam desistindo do ato. (Agência Brasil)
Entidades do livro e da leitura emitiram nota de repúdio à censura de livros, citando o caso do livro de Ziraldo e o do livro “Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas”, que noticiamos na Firmina da semana passada. “Censurar livros é atacar a democracia, a liberdade de expressão e a formação de cidadãos e cidadãs. O futuro do Brasil e o combate às desigualdades sociais dependem do crescimento intelectual de sua população, no qual o livro desempenha um papel imprescindível”, diz a nota, assinada por organizações como a Associação Nacional de Livrarias e a Câmara Brasileira do Livro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou em um discurso em evento no Dia Nacional do Cinema que “artista, cinema e novela não é (sic) para ensinar putaria. É para ensinar cultura.” A gente repercute a avaliação da produtora executiva Marina Rodrigues, que atua no audiovisual: o que o presidente Lula deveria estar reforçando era a defesa da regulamentação do streaming justa para o setor independente e colocar pressão para assinar logo o decreto da cota de tela. Dizer que cinema ensina putaria, é alimentar o estereótipo da extrema-direita. Tem profissional audiovisual querendo trabalhar”.
Liberdade religiosa
O Ministério Público da Paraíba está investigando duas servidoras do Judiciário acusadas de cometer racismo religioso contra uma mãe de santo. Segundo a denúncias, as servidoras disseram que a mulher deveria abandonar o candomblé para não perder a guarda de seus filhos, conta o Alma Preta.
O novo episódio do podcast da Agência Pública “Morte e vida Javari” aborda como as Igrejas evangélicas “disputam” fiéis com a Igreja Católica no Vale do Javari.
Extra
As amazônias contadas pelas histórias das frutas de comunidades ribeirinhas. Segunda reportagem da série especial do Nonada Jornalismo sobre Histórias da Cultura Alimentar no Brasil.