Firmina - De brincante a patrimônio vivo, Mãe Beth de Oxum segue atuando à frente de seu tempo
Oi, pessoal, tudo bem? A Firmina desta semana traz um perfil de Mãe Beth de Oxum, Ialorixá e mestra da cultura popular considerada Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Tem também duas checagens sobre desinformação disseminada por políticos nesta eleição. Os textos integram a Checazap Firmina, nossa agência de checagem especializada em cultura e educação.
Um abraço e boa leitura,
Thaís Seganfredo (editora)
Melissa Sayuri (redatora)
Liberdade religiosa
Mãe Beth de Oxum é uma importante liderança cultural de Pernambuco, reconhecida por sua atuação no Coco de Umbigada e na promoção da cultura popular. Sua casa em Olinda é um ponto de encontro para a comunidade, onde realiza atividades culturais e educacionais. Beth também desenvolve projetos tecnológicos que unem ancestralidade e inovação, como jogos educativos sobre mitologia afro-brasileira. Eleita Patrimônio Vivo de Pernambuco, conta ao Nonada: “Esse título de Patrimônio Vivo foi importante nessa perspectiva do reconhecimento. Para eu dizer aos meus filhos: ‘Valeu a pena’. E vale porque a arte joga luz na diversidade, joga luz no mundo”.
A cantora Anitta é uma das compositoras do samba-enredo vencedor do desfile da Unidos da Tijuca 2025. Ao lado dos compositores Estevão Ciavatta, Feyjão, Miguel PG, Fred Camacho e Diego Nicolau, ela escreveu sobre o orixá Logun Edé, de quem é filha. “Acho que é muito importante quando se fala de orixá, a gente combater a intolerância religiosa, que é muito grande", disse em entrevista à Globo.
Liberdade educacional
Um estudo do Banco Mundial revela que estudantes das regiões mais pobres do Brasil podem perder até meio ano letivo devido às altas temperaturas, reflexo das mudanças climáticas. Desde 2022, mais de 400 milhões de crianças em países em desenvolvimento foram impactadas. A educação climática pode ajudar a mitigar o problema, mas falta investimento e muitos professores enfrentam dificuldades em abordar o tema. Projetos como “Escolas Climáticas” e “Detetive Climático”, do portal Lunetas, buscam engajar estudantes, mas as desigualdades sociais agravam os impactos, prejudicando principalmente alunos de baixa renda.
Racismo nas escolas: Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro determinou que duas estudantes que gravaram vídeos com ofensas racistas, homofóbicas e gordofóbicas contra uma colega em 2022 prestem serviços comunitários por seis meses e elaborem um seminário sobre antirracismo. Elas também devem ler o livro “Pequeno Manual Antirracista” de Djamila Ribeiro, colunista da Folha, e apresentar um trabalho à juíza. Uma terceira envolvida, que demonstrou arrependimento, foi liberada dos serviços, mas participará do seminário. A autora do livro elogiou a decisão nas redes sociais.
Liberdade artística
Desde 2021, mais de 10 mil títulos de livros foram banidos de escolas públicas nos Estados Unidos, segundo levantamento da PEN America. O número de livros banidos triplicou em 2024 em comparação ao ano anterior, com 3.362 títulos removidos, um aumento de 33% em relação a 2022. As obras mais afetadas incluem livros sobre pessoas negras, LGBTQIA+, e mulheres que sofreram abuso, além de livros acusados de “pornografia” ou “indecência”. Pais conservadores, grupos como a Moms For Liberty, e políticos republicanos, como o congressista Matt Krause, lideram o movimento de banimento, que é mais intenso na Flórida e Iowa. (UOL)
Checazap Firmina
É falso que artistas estariam calados sobre os incêndios devido à Lei Rouanet.
Posts e blogs político-partidários estão desinformando ao sugerir que artistas estariam calados sobre as queimadas de 2024 devido ao valor liberado para a Lei Rouanet. Não cabe ao governo federal a decisão sobre o destino das verbas, que devem ser captadas junto às empresas. Os entes privados é que decidem em quais projetos culturais querem investir e qual valor querem destinar a cada artista em troca de patrocínio. Além disso, o Nonada apurou que artistas estão sim se manifestando publicamente sobre a questão.
Nas últimas semanas, deputados federais como Bia Kicis e Rodolfo Nogueira citaram um vídeo de 2021 promovido pelo Greenpeace com a participação de artistas em prol da Amazônia, afirmando que eles não estariam se manifestando em 2024 devido à Rouanet. A narrativa tem sido disseminada por vários candidatos a vereador no país. O Nonada também checou que a participação dos artistas no vídeo do Greenpeace não foi remunerada e a produção da campanha não tinha qualquer relação com fundos captados pela Lei Rouanet.
Além disso, figuras como Caetano Veloso já se manifestaram nas redes sociais sobre os incêndios, cobrando investigação sobre a causa das queimadas nos biomas. O cantor Chico César, que participou da campanha do Greenpeace, lançou na última semana o vídeo Oh, Pantanal! “Uma forma de chamar atenção através da arte para as consequências dos extremos climáticos, como as secas intensas e os grandes incêndios florestais - muitos deles criminosos”, anunciou nas redes sociais.
Outros posts publicados por políticos como Kim Kataguiri e Mário Frias exageram ao dizer que o valor da Lei Rouanet destinado aos artistas em 2023 foi de R$16,6 bilhões. Do total aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, apenas R$2,2 bilhões foram de fato captados com as empresas e, portanto, executados. Os valores destinados pelas empresas correspondem a no máximo 4% do imposto de renda. Pessoas físicas também podem apoiar.