Firmina - Anitta, os terreiros gaúchos e o racismo religioso
Oi, pessoal, tudo bem? A Firmina está de volta. A gente precisou de uma semana pra se reorganizar. Primeiro, porque o Nonada teve que focar totalmente na cobertura do desastre climático do RS. Segundo, porque nossa equipe toda foi afetada. Tá todo mundo bem, mas a gente teve que sair de casa temporariamente e até desembolsar um dinheiro não previsto no orçamento pra conseguir manter as atividades. A água já baixou, mas o que vem por aí de efeito social e econômico no estado, a gente não faz nem ideia.
A gente segue cobrindo lá no site os efeitos das enchentes para as vidas dos fazedores de cultura e povos de terreiro.
Um abraço,
Thaís Seganfredo
editora
Liberdade religiosa
A cantora Anitta foi alvo de intolerância religiosa após anunciar seu novo clipe, “Aceita”, no qual ela retrata sua vivência enquanto praticante do candomblé. "Está amarrado", "Sangue de Cristo tem poder" e "Misericórdia Senhor Jesus!" foram algumas das mensagens que ela recebeu, conta o Terra. O Edu Carvalho escreveu sobre o caso no #Colabora.
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou a influenciadora Michele Dias Abreu, que associou o desastre climático no RS às religiões de matriz africana. Em vídeo publicado nas suas redes, a influenciadora disse que a tragédia era “ira de Deus” devido ao grande número de terreiros presentes no Rio Grande do Sul, segundo o G1. O Nonada fez uma reportagem contando como comunidades de matriz africana gaúchas estão se articulando e mapeando as dezenas de terreiros impactados.
Já o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu que um vereador de Maricá (RJ) delete de suas redes um vídeo que faz apologia ao racismo religioso. O MP também demandou que o vereador grave um vídeo de retratação. Nas suas redes sociais, o político “acusou” a prefeitura de ensinar “macumba” nas escolas, conta a Revista Afirmativa.
Um terreiro de Vila Velha (ES) pegou fogo no início de maio. Diversos itens religiosos foram destruídos e o Babalorixá Alexandre de Ossaim acredita que o incêndio foi criminoso. (Uol)
Liberdade educacional
O ministro Alexandre de Moraes suspendeu uma lei de Ibirité (MG) que vetava o uso da linguagem neutra em sala de aula, apontando para a competência da União em legislar sobre diretrizes educacionais. Ele lembrou um julgamento anterior do STF, de 2020, que declarou inconstitucional uma lei semelhante de Novo Gama (GO) que proibia a discussão de gênero nas escolas. Moraes destacou que a proibição de conteúdos educacionais representa uma interferência do legislativo municipal no currículo pedagógico das instituições ligadas ao Sistema Nacional de Educação. (Folha)
Cerca de 23% dos estudantes da rede pública de ensino do RS estão sem aulas desde que teve início o desastre climático, no começo de maio. O índice representa mais de 170 mil alunos, segundo a Agência Brasil. A Secretaria Estadual de Educação informa que 1059 escolas foram afetadas pela tragédia.
Em entrevista ao Porvir, Daniel Bento, diretor-executivo do CEERT (Centro de Estudo das Relações do Trabalho e da Desigualdade), fala sobre a importância de educação antirracista.
Liberdade artística
No Nonada, ouvimos relatos de fazedores da cultura impactados pelo desastre climático no RS. São pessoas como a slammer Mariana Marmontel, que mora em uma região periférica da cidade. “Eu e o meu companheiro, a gente perdeu tudo, provavelmente, porque até agora a água não baixou onde a gente mora, a gente ainda não conseguiu ter acesso à nossa casa. As nossas coisas estão há simplesmente 17 dias debaixo da água, a gente não sabe qual vai ser a condição que a gente vai encontrar a nossa casa em relação à estrutura, em relação a tudo que ficou dentro. A gente não sabe o que vai poder ser aproveitado, o que não vai poder ser aproveitado”, diz ela.
Também no Nonada: Voluntários da cultura promovem arte e acolhimento às crianças em abrigos no RS
'Literatura Infantil e Juvenil na Fogueira' discute os impactos da censura a livros (Folha de São Paulo)